sábado, 1 de fevereiro de 2014

Visita à Gráfica Ipsis ou Como nascem os livros

Hoje fechamos o curso lá na Universidade do Livro com a visita à gráfica Ipsis.

Queria ter tirado mais fotos e feito vídeos decentes, mas não consegui. Então ficam apenas as fotos que se salvaram (das poucas que tirei) de partes do processo de impressão e acabamento dos livros:

                   Chapa onde as páginas são gravadas para depois irem para as impressoras 

Os arquivos dos livros (arquivo do miolo, que são as páginas, e arquivo da capa, em .pdf em alta resolução) chegam à gráfica, os profissionais verificam se os arquivos e imagens tem algum problema e, se estiver tudo ok, eles geram uma "plotter" (prova impressa) - uma reprodução do que será o livro. Essa plotter (impresso em um papel x, que não é o papel em que o livro de fato será impresso, serve mais para checar conteúdo, se o texto está ok, se as páginas estão posicionadas no lugar certo) é enviada para a editora e, se for aprovada, as chapas de alumínio são gravadas (há máquinas e softwares específicos que pegam as informações dos arquivos em .pdf e registram as informações nessas chapas, que depois são colocadas nas máquinas de impressão) e o processo se inicia.


   Ao fundo, uma máquina impressora e, à direita, pilhas de "cadernos" impressos

Caderno é uma parte que compõe o livro. Se vocês olharem na parte perto da lombada, vão ver que o livro é composto por várias "partes" (são os "cadernos"). Em cada folha (as folhas para impressão têm formatos grandes - na editora, usamos bastante o 66 cm x 96 cm) dá para imprimir um ou dois cadernos, dependendo do formato do livro, e depois todos os cadernos do livro são costurados e colados. Acontece assim para a impressão ser mais rápida - várias páginas são impressas de uma vez.

                           Parte da gráfica e pilhas de material já impresso

Depois que esse material é impresso, cada folha (ou metade da folha, se o livro tiver formato pequeno) passa pelas dobradeiras, máquinas que dobram a folha impressa nos lugares certos, onde é feito também o "picote", um corte de leve nas dobras (as folhas não ficam totalmente grudadas, mas não ficam totalmente soltas). Então os cadernos são costurados em uma máquina e, se for muito grosso, eles são prensados e cola é pincelada nas lombadas - tanto a prensagem quanto a pincelada de cola são feitos manualmente - e ficam assim de um dia para o outro - por quê? Para que as folhas não se soltem na hora em que os cadernos forem colados à capa.

Se o livro for relativamente fino (acho que até umas 200 páginas), a colagem é automática (uma máquina gigante - como tudo nas gráficas! - prende o livro com a lombada para baixo e faz com que a lombada passe por um "rio de cola" e então ela é colada à capa. Passam por uma esteira meio comprida para dar tempo de a cola secar e a capa não se soltar depois. No fim dessa esteira, o livro passa por um corte trilateral, quando os três lados, sem ser o da lombada, são cortados ("refilados"/"fazer o refile") e passam por uma verificação de qualidade.

Por fim, os livros que passam pela verificação de qualidade geralmente são "shrinkados" (fazem o "shrink" individual) que nada mais é que envolver cada livro naquele plástico fino, para protegê-lo para transporte. Tudo isso é feito em uma máquina, automaticamente, pois são muitos muitos muitos livros, não tem como fazer isso manualmente e atender o prazo das editoras. Depois embalam cada x livros (acho que 10? ou talvez 20?) em embalagem kraft ("papel pardo"), para facilitar a entrega.

Os livros que não passam pelo controle de qualidade são descartados (que desperdício!!) - cortam os livros ao meio na guilhotina e despacham para a reciclagem. Assim como os demais papéis sem produtos químicos. Os papéis com produtos químicos são enviados para empresas especiais que incineram e descartam os resíduos do jeito adequado.

De um jeito bemmmm simplificado, é isso que acontece. Há vários detalhes entre uma etapa e outra, mas só indo visitar uma gráfica para entender - porque tem coisas que só dá para entender vendo, vivenciando.

Também filmei algumas partes, mas os vídeos ficaram péssimos, por isso, nem vou colocar aqui.

A visita à gráfica Yangraf na semana passada e a visita de hoje se complementaram. Hoje os pontos "negativos" foram: tinha muita gente (acho que umas 20 pessoas da turma), várias máquinas não estavam ativas (coladeira, guilhotina, máquina de costura, máquina de shrink) e, como o lugar estava muito barulhento (é normal, por causa das máquinas), quase não consegui ouvir o funcionário que foi o nosso guia lá dentro explicando. Na Yangraf, o Wagner foi meu guia exclusivo, ele explicou tudo com detalhes, fiz muitas perguntas, foi muito legal!

Mas a visita valeu muito a pena para eu saber que existem vários tipos de gráficas e, dependendo do tipo de material, vale a pena investir em uma boa impressão. A Ipsis imprime muitos livros de fotografia e de arte - e os livros são maravilhosos!! Deve ser uma das melhores gráficas do país.


Presentes que ganhamos da Ipsis: um caderno/agenda, dois lápis, a 7ª edição da ipsis (litteris, um catálogo criativo deles, com capa dura e "luva" (sabe quando o livro tem um tipo de "caixa" que envolve o livro, para não estragar logo? então, aquilo se chama "luva") que ganhou um prêmio! É muito bonito!

Para terminar, gostaria de indicar o curso de Produção Gráfica Editorial, da Universidade do Livro/Editora Unesp, para amigos e colegas da área (mesmo para quem não trabalha como produtor gráfico ou coordenador de produção). Eu não pretendo ser produtora gráfica, pois meu barato ainda é o editorial, TEXTO, conteúdo, mas, para mim, é muito importante conhecer todo o processo para poder direcionar melhor as minhas decisões no futuro e conseguir prever o que pode dar errado. Dominar tudo sobre o que a gente faz profissionalmente deve ser uma das chaves para garantir a qualidade do produto final e minimizar as possibilidades de erro (que óbvio, né, Aline Naomi?!).

Pra encerrar o post, já pensou se a Universidade do Livro tivesse essa fachada? :)




Fachada da Kansas City Library, Kansas City, Missouri, Estados Unidos (via e-mail da tia Harumi :).

Postado originalmente em 15/07/2011 aqui.

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