terça-feira, 29 de julho de 2014

Tendências do mercado editorial 2014 - Business Club/ Frankfurter Buchmesse

Há mais ou menos duas semanas recebi por e-mail, via comunidade "Frankfurter Buchmesser" (Feira do Livro de Frankfurt) do LinkedIn, um relatório feito por Rüdiger Wischenbart, do Business Club, um grupo ligado à Feira de Frankfurt, com as tendências em publicação de 2014.

Para acessar o relatório completo (em inglês), clique aqui. É preciso preencher alguns dados, enviam um e-mail de confirmação por e-mail e depois é só baixar o arquivo.

A leitura vale a pena para se ter uma ideia do contexto do mercado editorial mundial atual e quais os desafios que vêm pela frente. É interessante também porque o autor detalhou um pouco o que está acontecendo no mercado editorial em países emergentes do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

Compartilho abaixo algumas informações interessantes.

Considerando a indústria do entretenimento, o mercado de livros ocupa o primeiro lugar em relação a vendas - considerando livros de educação e "STM" (sigla, em inglês, para Ciência, Tecnologia e Medicina/Saúde).


Em economias emergentes, o mercado de livros e de publicação tem crescido nos últimos vinte anos. Nesse tempo, a China se tornou o segundo maior mercado de livros, atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil ocupa a nona posição.


Mapeamento do tamanho do mercado e a publicação de novos títulos relacionada ao PIB per capita nos 23 maiores mercados editoriais mundiais:

[Clique duas vezes no quadro para aumentá-lo]

O mercado ainda é dominado por poucos países, principalmente europeus e de linhagem anglo-saxônica, Japão e Coreia. É interessante notar que a Noruega aparece no mapa acima como um dos países que mais lançam livros por ano e onde as pessoas gastam mais com livros, mas isso ocorre porque o governo destina os lucros de óleo extraído no Mar do Norte para financiar a cultura do país.

Wischenbart afirma que é bastante improvável que leitores em países como Índia e Indonésia tenham uma livraria em cada esquina, assim como o crescente número de leitores em São Paulo, Beijing ou Guadalahara fique esperando que centros de distribuição de livros impressos se desenvolvam ou que esses leitores descubram novos títulos em resenhas de livros em jornais e revistas impressos. O mais provável é que, cada vez mais, para contornar a dificuldade de acesso aos livros e também o alto custo deles, leitores busquem alternativas digitais - ou seja, a tendência é que a leitura se expanda por meio de smartphones e tablets (que provavelmente ficarão cada vez mais baratos).

Ainda segundo o informativo, os leitores estão adotando mais a leitura de e-books, sendo essa tendência  liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, o que provavelmente resultará na necessidade de editoras se unirem a empresas de comunicação e tecnologia para que seus livros tenham visibilidade e sejam melhor distribuídos.

A seção em que Wischenbart fala sobre os países do BRIC é especialmente interessante. Ele faz uma breve análise da situação atual do mercado editorial nesses países em crescimento econômico, o que se reflete no interesse e na busca da emergente classe média por educação (e livros). 

Brasil: há empresas estrangeiras investindo no país; a Amazon, que abriu uma loja virtual por aqui em 2012, mostrou interesse em participar de licitações para venda de livros didáticos para o governo, uma vez que tablets foram distribuídos para professores (e talvez daqui um tempo os alunos de escolas públicas também recebam o aparelho). Carlo Carrenho, da Publishnews, afirma que os editores precisam entender melhor seus consumidores, melhorar práticas profissionais, ter mais ofertas de conteúdo digital e modelos de negócios mais modernos se quiserem alcançar o "novo consumidor brasileiro" e aumentar sua participação no mercado.

Rússia: tem problemas de distribuição de livros físicos por conta do tamanho do país e também com pirataria de e-books; por conta da crise econômica, a maior distribuidora de livros do país faliu em 2012.

Índia: assim como no Brasil, há empresas estrangeiras investindo no país e o mercado também está sendo impulsionado pelo interesse das pessoas em educação; a autopublicação está ganhando cada vez mais importância, liderada pela Amazon; apesar de a compra de tablets e smartphones ter diminuído, os e-books estão em alta.

China: de acordo com fontes do governo chinês, a China é o segundo maior mercado de livros em tamanho, perdendo apenas para os Estados Unidos e vem mostrando um crescimento contínuo; a publicação de livros digitais é focada na educação; a publicação e leitura de livros digitais estão atreladas ao acesso do consumidor a tablets e smartphones e também ao rápido aumento do e-commerce.

A venda de e-books tem se tornado bastante rentável, ao menos para os grupos editoriais maiores, como Penguin Random House, Hachette, HarperCollins, Mcmillan e Simon & Schuster. O autor reconhece que é mais difícil levantar dados sobre e-books, mas chegou aos seguintes números:

Em 2013, nos Estados Unidos, do total de vendas de livros, 21% foram de e-books; no Reino Unido, no mesmo ano, a venda de e-books representou 15%; na Alemanha, esse número ficou em 3,9%. Então, aparentemente, a venda de e-books varia muito dependendo do país e também do gênero de publicação, uma vez que os gêneros estão cada vez mais divididos em categorias e subcategorias.

A publicação de livros impressos está em declínio quase universalmente, mas apenas alguns mercados conseguem compensar essa perda por meio do crescimento de produtos digitais.

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